Respeitável público! Tragam seus bambolês e claves e movimentem-se!
- Tainara Cavalcante
- 15 de jun. de 2016
- 2 min de leitura
Ao subir as escadas, logo depois da pista de skate, já se ouve a música... Um som calmo e agradável. Não chega a incomodar ninguém, pois não é tão alta, mas alcança boa parte da praça, inundando os corpos dos que aproveitam o som. Postes de luz em todos os cantos iluminam a Praça Roosevelt, cercada de guardas civis. Você não precisa chegar muito perto para ver pulos altos e mortais duplos, arcos cruzando o céu, mas é de perto que é possível ver claves voando de um lado para outro e monociclos florescentes que mudam de cor a cada pedalada. Há também ioga com bambolê, bolas que se movem sozinhas nas mãos e nos pescoços das pessoas. Então um pensamento vem à cabeça: Só pode ser o circo!
Sim, é o Circo! Não aquela coisa montada e sincronizada vendendo ingressos e pipocas, com apresentações ensaiadas e sequenciadas. Mas sim, um espetáculo no meio da praça, com artistas independentes, que se encontram todas as quartas feiras. Os espetáculos são todos juntos e tudo na mesma hora. Não esperam palmas, retribuições ou dinheiro. Só querem compartilhar a sua arte e incentivar a cultura. Todos têm projetos paralelos, que, quando compartilhados, se tornam coletivos e viram trabalho, eventos, cultura.

Encontro de Malabares e Circo – Foto: Tainara Cavalcante
Há encontros todos os dias e em todos os cantos de São Paulo. Uns já duram mais de dez anos, outros não mais que dois. São no Tatuapé, São Bernardo, Santo André, Suzano. O "Encontro de Malabares e Circo" da Praça Roosevelt, com seus apetrechos, sapatos especiais e monociclos dão um show. São pessoas de ocupações artísticas, de movimentos, companhias, músicos, malabares, acrobatas e também o público. É só chegar e compartilhar.
Eles começam a chegar no fim da tarde aos poucos, depois estão aos montes, e vão mais ou menos até as 22h, pelo menos é a hora que o som chega ao fim. Dividem a praça com rappers, militantes skatistas, moradores e todo o resto, não há um espaço definido. Há eventos especiais como "A noite da Rose" que inundam a praça. O evento nasceu no encontro, mas hoje é apresentado em teatros da periferia com o apoio da prefeitura. "O pessoal vai e faz acontecer, cheios de projetos e força de vontade de mudar" diz Larissa Araújo, 23. A circense já tentou o curso de publicidade e propaganda, mas foi no circo que encontrou sua paixão.
Os encontros são promovidos via redes sociais e boca a boca. Há também oficinas e apresentações a céu aberto com palcos montados, figurinos, iluminação. O público senta no chão em forma de roda e admira o espetáculo. Não é imposto uma quantia, acredita-se na famosa "contribuição consciente". É passado um chapéu e você coloca o valor que quiser, sem pressão.

Encontro de Malabares e Circo – Foto: Carlane Borges
Onde: Praça Roosevelt - Próximo as estações Anhangabaú e República.
Quando: Todas às quartas-feiras.
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